VOCAÇÃO

1. ESTADOS DE VIDA

2. SEREI EU CHAMADA POR JESUS PARA O SEU SERVIÇO?

3. MAIS SOBRE A VIDA CONSAGRADA

4. DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES – JOÃO PAULO II (1980)

5. SEGUIR A JESUS COM DECISÃO

6. JESUS NÃO ACEITA ADIAMENTOS

7. FAZEI COM QUE OS JOVENS COMPREENDAM O FASCÍNIO DO CHAMAMENTO DE CRISTO

8. VOCAÇÃO CONSAGRADA

9. A VOCAÇÃO ( O chamamento) NÃO É UMA ILUSÃO

10. A VOCAÇÃO É CHAMAMENTO REAL

11. OS PRIMEIROS SINAIS DUMA VOCAÇÃO : MEDO E DESEJO.

12. COMO SABER SE A VOZ QUE SE OUVE É A DE DEUS? NÃO SERÁ UMA ILUSÃO?

13. TODA A VOCAÇÃO É SINGULAR

14. A EXCELÊNCIA DA CONSAGRAÇÃO AO SENHOR

15. PALAVRAS DE PAULO VI

16. ATITUDE DE MEDO DO HOMEM DIANTE DA VOCAÇÃO

17. MENSAGEM DE JOÃO PAULO II - Aos jovens de Portugal 1991

18. VOCAÇÃO: ESCOLHA CORAJOSA

19. VOCAÇÃO CONSAGRADA: ESCOLHA MISTERIOSA !

20. SÃO FRANCISCO BORJA

21. DEUS PREPARA OS SEUS ENVIADOS

22. APREÇO DO PAPA PAULO VI PELA VIDA RELIGIOSA

23. PALAVRAS DO PAPA PAULO VI

24. VIDA RELIGIOSA

25. “CONVITE” DE SANTA TERESINHA

26. A professora faz-se missionária



1. ESTADOS DE VIDA


Tu, como tantas outras raparigas, certamente te perguntas:

Que farei amanhã?...O que é que quero ser?...

É normalíssimo! E esta pergunta, num certo momento, começa a angustiar-te: Que farei? Que serei? Casada, solteira, consagrada? Que caminho devo seguir?

Para já, te aconselharia a tentar conhecer melhor cada um destes estados.

Talvez, tu dirás: eu sei que quer dizer:

Casada! Será que já conheces as alegrias e as responsabilidades de formar uma família? De facto, esta é a vocação mais comum e todos pensam de a conhecer muito bem. Apesar disso, não valerá a pena confrontá-la com outras vocações?

E Solteira? Que ideia tens dela? De uma falhada..., de uma incapaz..., de...? ou de uma altruísta: rapariga dedicada aos pais, aos irmãos, às crianças da Paróquia, aos doentes da freguesia, etc.?

E Consagrada ao Senhor? Já ouviste falar da Vida Consagrada? Sim, com certeza, mas talvez ainda pouco para poderes apreciar suficientemente a beleza e a grandeza deste dom de Deus à Sua Igreja.

Amiga, se isto te interessa, convido-te a ti e às tua amiga a lerdes neste SITE, de vez em quando, algumas palavras esclarecedoras sobre este assunto que procuraremos desenvolver.

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2. SEREI EU CHAMADA POR JESUS PARA O SEU SERVIÇO?


Sabemos o que Jesus disse aos Apóstolos: “Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi a vós!”

Então, para conhecermos se Jesus nos chama, devemos “perguntar-Lhe”, isto é, devemos rezar, falar com Ele, humildemente e com confiança, sobretudo na Comunhão e na Adoração ao Santíssimo Sacramento. Para compreendermos a importância da oração neste assunto de vocação, transmito-te aqui hoje uma passagem de uma exortação pastoral do falecido Patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro. É a seguinte:


ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

( Patriarca D. António Ribeiro )
17 / 4 / 1993

“A base imprescindível de qualquer acção da Igreja em favor das vocações reside necessariamente na oração....

Cada vocação representa sempre um dom de Deus que precisamos de implorar e agradecer...

Na raiz de qualquer vocação consagrada, bem como na sua qualidade, perseverança e fecundidade espiritual, encontra-se indiscutivelmente a oração individual e comunitária.

Só a oração pessoal dispõe o coração do homem para ouvir a palavra e acolher a vontade de Deus a seu respeito...

Só a oração comunitária consegue gerar, no seio da comunidade cristã, a adequada sensibilidade ao valor real das vocações consagradas...

Promovam, nas comunidades à que preside, tempos especiais de oração pelas vocações, falemos aos fiéis sobre temas vocacionais e não deixem de lhes propor, sobretudo aos jovens, o ideal de uma vida consagrada.

«Chegou o tempo de falar corajosamente da vida sacerdotal como valor inestimável e como forma esplêndida e privilegiada de vida cristã . Os educadores, especialmente os sacerdotes, não devem ter medo de propor, de modo explícito e premente, a vocação ao presbiterado como possibilidade real para aqueles jovens que demonstram possuir os dons e capacidades a ela correspondente». (Ex. Ap. “Pastores dabo vobis”, 39 – João Paulo II).

Exortação idêntica faço-a também aos religiosos e religiosas, e aos responsáveis dos movimentos laicais de Espiritualidade e de apostolado....

A última palavra desta exortação pastoral endereço-a especialmente aos jovens, rapazes e raparigas, da diocese de Lisboa...

Caríssimos jovens, rezai também vós, pelas vocações de consagração e, se vós mesmos fordes por Ele chamados, prestai ouvidos atentos a sua voz (Cf. Jer. 9, 20).”

Amiga, começa ou continua a rezar, isto é, a falar com afecto e carinho com Jesus. Neste colóquio descobrirás a ternura de Jesus. Podes ter a certeza que é neste diálogo prolongado e frequente que conhecerás o que Jesus quer de ti.

Até à próxima.

– Se quiseres, podes escrever-nos:

Missionárias do Amor Misericordioso do Coração de Jesus
Rua Prof. Dr. Sousa Martins, N.4 – R/C – A
Massamá
2745-848 QUELUZ - PORTUGAL
Tel./Fax. 21 437 03 77
Email: massama@mamcj.com

As Missionárias

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3. MAIS SOBRE A VIDA CONSAGRADA


1 - Como explicarias a uma jovem que vale a pena entrar para a Vida Consagrada? (V.C.)

O motivo pelo qual vale a pena de dar a vida é o Reino, quer dizer, o Reino da Misericórdia e do Amor de Cristo no coração dos homens.

Quem intuir quanto é grande o “interesse amoroso” que Jesus teve pelo homem, por cada homem, sobretudo pelo mais solitário, mais pobre, mais desesperado, sentirá o fascínio de ter no seu coração os mesmos sentimentos de Jesus e poderá tornar-se capaz de se pôr ao serviço do Seu Reino na forma de consagrada.


2 – Como nasce uma vocação?

A origem de cada vocação é sempre “misteriosa”, isto é, nasce de uma escolha misteriosa de Deus, que chama através de experiências e testemunhos diversos. Na maior parte dos casos, uma vocação nasce de um encontro com uma Consagrada satisfeita e boa. Deus não chama as jovens com maneiras estranhas a sua história concreta, isto é, com visões ou “vozes” particulares. Deus mete no seu caminho testemunhas e santos. A vida santa desta interpela-as e suscita nelas perguntas deste tipo: “Porque aquela consagrada é tão feliz?” ; “Que sente dentro dela quando a vejo rezar tão intensamente?”; “Não poderia fazer também eu o que ela faz?”

Estas perguntas servem como início de uma procura que, depois, continua e cresce, quando se passa das emoções iniciais para motivações mais profundas. É o momento em que descobre que, no centro da vida da Consagrada está a Eucaristia, que o segredo da sua alegria é a Eucaristia “celebrada” com profundo recolhimento, adorada com humildade, anunciada com amor. É nesta segunda fase que surgem perguntas deste tipo: “Senhor, poderia também eu amar-te assim”?; Senhor, porque Tu me amaste tanto, até morrer na cruz por mim? Senhor, que queres da minha vida?”.

3 – Que caminho está reservado para uma jovem que decidisse entrar para a Vida Consagrada?

Espera-a um Caminho de liberdade! ...; é um caminho de ampla respiração, um caminho que ajuda a crescer na própria liberdade interior...

a) - Isto é, quando a Consagrada diz a uma jovem: “Reza muito”, torna-a capaz de se unir a Jesus de Nazaré, a desejá-Lo, a procurá-Lo, a conhecê-Lo, a imitá-Lo com coração livre.

b) – Quando lhe diz: “Estuda”, tira o teu curso de teologia, etc., fá-la crescer na liberdade intelectual porque a ajuda a compreender que em Jesus Cristo recebemos a verdade do homem e de Deus.

c) – Quando lhe diz: “Ama a Vida Comunitária”, ajuda-a a crescer na capacidade de amar; que dizer, torna-a capaz de reconhecer os outros como um dom, de acolhê-los como são, de ter relações abertas e boas.

4 – Que dificuldades vês no caminho que leva as raparigas à V.C.?

Há dificuldades que sempre existiram e dificuldades do nosso tempo. Entre as dificuldades antigas existe a “dificuldade radical”: o medo de, se dermos a vida a Deus e aos outros, a perderemos, a desperdiçaremos... Este é o medo da fé.

Além disso, existem dificuldades ligadas à forma que hoje assume a vida da Consagrada.

a) Uma dificuldade é a “insignificância da fé”, isto é, a impressão que a fé, o Evangelho, Deus interessem pouco. A perspectiva de se pôr ao serviço de um anúncio, que “parece” não coinvolger a maior parte da gente, faz nascer a pergunta: “Vale a pena hoje comprometer a própria vida por isso?”.

b) Outra dificuldade é o ”para sempre”. A cultura contemporânea acentua a atenção ao presente, ao que nos faz felizes agora, imediatamente e facilmente. A escolha consagrada de comprometer para sempre uma vida ao serviço do Evangelho exige, pelo contrário, fidelidade, perseverança, sacrifício, dom de si mesmo.

c) Constitui ainda outra dificuldade a “solidão”: Tanto a solidão afectiva, isto é, o medo de não conseguir ter um equilíbrio afectivo sem ter uma família própria, como a solidão pastoral, isto é o medo de se encontrar, um dia, a trabalhar sozinhas, com grandes responsabilidades nos ombros, sem que o próprio serviço seja nem sequer apreciado.

d) Constitui também dificuldade a consciência da própria indignidade e incapacidade para uma missão que parece superior às nossas forças espirituais e intelectuais.


5 –Qual seria o seu augúrio ou voto para uma jovem que se consagra ao Senhor?

Dir-lhe-ia:

“Querida amiga,

- Aguarda-te muita alegria.

- Aguarda-te, sobretudo, a alegria de servir ao Senhor, de fazer o que mais Lhe interessa, de unir-te ao Seu desejo de fazer crescer o Reino.

- Aguarda-te, depois, a alegria de anunciar aos homens o que eles, no mais profundo de si mesmos, procuram, sem o saber ou, até, mesmo quando parecem regeitá-la,a salvação.

ESTE É JESUS CRISTO!

Anunciando o amor de Cristo, tu darás aos homens esperança, consolação, razões para viver, horizontes de liberdade.

O augúrio que te faço é que tu faças a experiência do ESPLENDOR DA VERDADE e que te entregues com confiança Àquele para o Qual:

- desejar é amar, afastar-se d’Ele é cair, sair d’Ele é morrer, tornar a encontrá-Lo é vida, permanecer n’Ele é viver!” .

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4. DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES


– JOÃO PAULO II

( J.P. II – 25/1/1980 )

E a vós, caríssimos jovens, nesta ocasião eu quereria dirigir-vos também um convite muito particular: reflecti!

Procurai compreender que vos estou a falar de coisas muito grandes! Trata-se de consagrar a vida toda ao serviço de Deus e da Igreja. E trata-se de consagrá-la com uma fé firme, com amadurecida convicção, com livre decisão e com generosidade a toda a prova e sem arrependimentos.

... Eu sei que há muitas coisas deste mundo e muitos acontecimentos dos dias de hoje que vos perturbam. É exactamente por este motivo que eu vos convido a reflectir. Abri os vossos corações ao encontro jubiloso com Cristo Ressuscitado! Deixai que a força do Espírito Santo opere em vós e vos inspire as escolhas acertadas para vossa vida! Procurai pedir conselho! A Igreja de Jesus Cristo tem de continuar a sua missão no mundo: ela precisa de vós, porque é muito grande o trabalho que há para fazer!

Ao falar assim da vocação e ao convidar-vos a seguir este caminho, eu sou humilde e apaixonado servidor daquele mesmo amor pelo qual era movido Cristo, quando chamava os discípulos para o Seu seguimento ( N.4).

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5. SEGUIR A JESUS COM DECISÃO


“Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus”.

Esta Palavra de Vida, portanto, fala-nos de radicalidade, de decisão. Eis a resposta que Jesus espera de nós.

Se entendemos a novidade e a beleza do Seu Evangelho, não será difícil perceber que nada Lhe é mais contrário do que a indecisão, a preguiça espiritual, a pouca generosidade, a falta de clareza, o compromisso, as meias medidas.

Todos procuramos qualquer coisa que nos satisfaça plenamente. E certamente muitos de nós estamos convencidos de que podemos encontrá-la somente em Jesus; somente Ele possui as soluções verdadeiras.

Mas eis a dificuldade:

Nós queremos e não queremos. Por um lado queremos amar Jesus, por outro queremos que Ele aceite fazer pactos connosco, com os nossos apegos, a nossa lentidão, a nossa mediocridade...Queremos segui-Lo, mas olhamos muitas vezes para trás, retrocedemos sobre os nossos passos, ou damos um passo para frente e dois para trás, etc.

Ora estas são disposições que Jesus não pode aceitar, porque são exactamente o oposto daquela rectidão de atitude e daquela decisão de vontade, que, às vezes, podem parecer duras, mas são condições indispensáveis para entrar no maravilhoso mundo de Jesus e atrair a Sua presença divina, a Sua graça restauradora, a Sua alegria impagável, a Sua esplêndida luz, a Sua força salutar em nós e no meio de nós.

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6. JESUS NÃO ACEITA ADIAMENTOS


Depois da teofania do Tabor, Jesus, acompanhados pelos apóstolos, empreende uma longa viagem para Jerusalém, onde será julgado e crucificado .

Pelo caminho, encontra três candidatos a discípulos, que representam inumeráveis candidatos, que desejarão segui-Lo ao longo dos séculos e Jesus põe-lhes as condições do seu seguimento.

Seguir-te-ei para onde quer que fores”(Lc.9, 57), diz o primeiro; e o Senhor respondeu-lhe: as raposas têm tocas, as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (ibid. 58).

Aquele que deseja seguir a Cristo, não pode ter pretensões de segurança ou vantagens terrenas.

Ao segundo, Jesus dirige-lhe um convite peremptório, com que uma ordem: “Segue-me” (Ibid.59) e a este, tal como ao terceiro, que pede um adiamento por questões familiares, Jesus não hesita em declarar que é preciso segui-Lo sem adiar a Sua chamada.

Há casos em que um adiamento, ou mesmo o pensar demasiadamente no assunto, poderia comprometer tudo!

“Quem, depois de deitar a mão ao arado, olha para trás, não é apto para o Reino de Deus” (ibid. 62).

O Cardeal Roncalli (futuro Beato João XXIII, O Papa BOM !), falando aos clérigos, dizia: “Deixamos a nossa terra e a nossa família, sem perder o amor à terra e à família, mas elevando este amor a um significado mais alto e mais vasto... Ai de nós se continuamos a pensar numa casa cómoda ..., num teor de vida que nos procure glória, honras e satisfações mundanas!

( Veneza, 3 de março, 1957) I.D. pág. 703)

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7. FAZEI COM QUE OS JOVENS COMPREENDAM O FASCÍNIO DO CHAMAMENTO DE CRISTO


No encontro com o clero, os religiosos e os Membros dos Institutos Seculares

Terminada a cerimónia de acolhimento, João Paulo II dirigiu-se para a Colegiada de São Segundo, onde o aguardavam 300 Sacerdotes, e 700 religiosas, que havia pouco tinham participado no Ofício de Vésperas em preparação para este encontro com o Papa.

Ao numeroso grupo...da Diocese de Asti, o Papa ...pronunciou o seguinte discurso:

...Tocamos aqui o problema das vocações, que constitui no presente uma das urgências primárias da Igreja. A respeito disso, deve-se reafirmar que a obra vocacional se exprime, antes de mais, na oração contínua e fervorosa, acompanhada pelo alegre testemunho do próprio serviço à Igreja e aos irmãos. Dessa alegre fidelidade o Espírito saberá fazer surgir novas oportunidades de anúncio e de evangelização.

Tende confiança nos jovens!

Sabei amá-los santamente e educá-los para os grandes ideais da vida cristã . Eles mantêm, no íntimo de si mesmos uma grande disponibilidade ao bem e aos valores espirituais...Como recentemente experimentámos juntos em Derver, nos Estados Unidos, no mês de Agosto.

Grande importância reveste na obra de promoção vocacional uma clarividente pastoral juvenil, que não se detenha em ocasionais e emotivas experiências de oração e de serviço, mas que leve os jovens a descobrir e a realizar itinerários formativos permanentes de oração e de caridade, de catequese e de anúncio. É necessário acompanhá-los na sua maturação humana e religiosa , para que possamos formular o seu «sim» generoso e total ao Senhor, que os chama ao seu serviço. A isto devem tender os grupos vocacionais presentes na Diocese, bem como o empenho do Centro Diocesano de vocações. ...

A cada um de vós aqui presentes...concedo de coração uma particular Bênção Apostólica. –(João Paulo II)

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8. VOCAÇÃO CONSAGRADA


Semana das Vocações

Foi o Papa Paulo VI que a instituiu e quis que o Domingo do Bom Pastor fosse Consagrado “às Vocações Consagradas”.


Então, desde já, umas perguntas:

1 – Existe realmente a vocação (Chamamento) a uma vida de consagração, ou é pura imaginação, sentimentalismo?

2 – Esta vocação será «absurda»? contra à natureza?

Então como é que, em pleno século XX e já no Séc. XXI, milhares de jovens, de ambos os sexos, ainda a ela respondem tão generosamente?

3 – Ou não será esta vocação qualquer coisa de grande, de transcendente?

Neste caso, não podemos ignorá-la!

Compreendemos que esta questão de vocação diz respeito, antes de mais à juventude, pois é ela que tem, sobretudo, a missão de edificar a sociedade de amanhã.


I A VOCAÇÃO ( = o chamamento) EXISTE: não é uma imaginação!


Que a vocação existe, como qualquer coisa de real, independentemente da mesma pessoa que é chamada, é evidente!


1 – Chamamento de SIMÃO (PEDRO) Lc. 5, 1-11):

Pesca Milagrosa: Jesus pede licença a Simão de entrar na barca dele para dali ensinar à multidão. – Depois, diz-lhe: faz-te ao largo e lança a rede...

Fé de Simão – Milagre da pesca – Humildade de Simão: Afasta-te de mim!

Isto é: Pedro sente alguma coisa de maravilhoso, de estranho. Não é tanto o milagre que o impressiona, mas é mais o pressentimento de ser invadido por Deus; é como se Deus entrasse na vida dele... Então: “afasta-Te de mim, Senhor que sou pecador”. Acha-se pequeno.

Esta é quase sempre a atitude de quem é chamado: sou indigno...; possível que Tu, ó Deus, penses em mim?

E o Senhor: “Não temas; de hoje em diante serás pescador de homens”, e eles “(Pedro e André) deixaram tudo.

Nós diante deste facto dizemos: Foram chamados, tiveram vocação!


2 – Chamamento de PAULO (SAULO): (Actos, 9, 1-19)

Era o ano 36 da era cristã.

Um jovem, forte e auto-suficiente, com um fogo encandescente da sua alma segue o caminho de Damasco.

- Um clarão...: “Saulo, Saulo, porque me persegues?”

- “ Quem és, Senhor” ?

- “ Eu sou Jesus a quem tu persegues! Ergue-te e entra na cidade e dir-te-ão o que tens a fazer”

O Senhor dirá a Ananias, que tinha medo,: “Vai, pois, esse homem é instrumento da minha escolha para levar o meu nome perante os pagãos”.

Também aqui vemos um chamamento , e miraculoso!

3 – Chamamento de TIMÓTEO: Paulo começará então as suas viagens apostólicas.

Na sua 1ª viagem chega a Listra. Hospeda-se numa casa onde há um rapaz muito novo : Timóteo, que vive com a mãe e a avó. Paulo fala-lhes de Cristo e eles se convertem. Mais tarde, Paulo chama Timóteo a colaborar com ele. Este jovem responde com entusiasmo.

Aqui, dizemos, há mais um chamamento: vocação!

4 – Chamamento da TECLA : A Tradição conta-nos também que, perto de Listra (em Icónio), Paulo prega em casa de um certo Onesífero. Fala sobre a virgindade. Da janela de uma casa próxima, uma jovem, TECLA, escuta as palavras de Paulo. Fica encantada e atraída por um novo esposo que não morre e que não engana . Pouco a pouco apagam-se nela as ilusões que a vida e as riquezas lhe haviam apresentado... Renuncia ao matrimónio com o noivo que já tinha, de nome Tamírides. Surgem contra ela imediatamente muitas dificuldades e oposições, mas Tecla escolheu já: Cristo será o meu Esposo imortal.!

Também aqui nós dizemos (embora sem milagre algum) que há uma vocação.

5 - Chamamento de FILIPE E ESTÉVÃO – Nos Actos dos Apóstolos então pediram ao povo que escolhesse sete homens, “estimados por todos e cheios de Espírito de Sabedoria” para encarregá-los daquele ministério; e tivemos os Diáconos, que serviam à mesa, pregavam e baptizavam: FILIPE , ESTÉVÃO.

Também aqui dizemos que estes sete foram chamados, tiveram vocação.

6- Chamamento de FRANCISCO XAVIER: 1553. em Paris: S. Inácio de Loiola atravessa-se no meio dos triunfos e das ilusões de FRANCISCO XAVIER:

“ De que te serve ganhar todo o mundo ...?”

Faz-se o grande apóstolo das Índias!

Aqui não vemos nada de extraordinário, mas dizemos: Foi chamado – Tinha vocação!

7 – Chamamento de um jovem: Um dia, um Padre, um missionário chega a uma aldeia ...As crianças rodeiam-no imediatamente. O Padre aproveita: fala-lhes das missões, dos sacrifícios e generosidade dos missionários, das alegrias que provam em ajudar e converter os pagãos...

Entre todas estas crianças há uma, nem menos experta que as outras, porém, ouvindo aquelas palavras do missionário, sente no seu coração qualquer coisa de novo, estranho ...Chega a casa: Mãe, quero ser missionário! – A mãe: Oh, filho, vê-lá. Lutas, discussões, etc... – Meses depois, o pequeno já está no Seminário Missionário.

Também aqui, nada de especial, mas há um chamamento!

8 – Chamamento de uma rapariga: entra como enfermeira num hospital. Queria ganhar para construir o seu lar... Vê doentes, vê jovens com a vida destruída, velhos que ninguém quer...Ela, que até ali acreditava muito na firmeza do amor e do carinho, diante de tudo isto, começa a reflectir...; pensa...; olha e vê que à volta dela há mulheres novas como ela, há mulheres que já foram novas como ela, que deixaram a sua casa , a sua família, os seus amores, talvez a sua pátria para trabalharem, só por amor, por aqueles que nada têm e que ninguém ama, para trazerem para a casa do “Pai tantos Filhos Pródigos” que vivem longe da prática religiosa...! São as Consagradas a Jesus!

Surge nela então uma pergunta : Não poderia eu fazer o mesmo?

Pensa e volta a pensar nas criancinhas que nunca conheceram o carinho da mãe, nos pagãos que nunca ouviram falar de Jesus...Abandona tudo e segue a Cristo!

Também aqui nada de especial, mas dizemos: tem vocação!

Em face deste factos e doutros semelhantes, nós que temos fé, concluímos: SIM! DEUS CHAMA E CHAMA AINDA HOJE!

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9. A VOCAÇÃO (O chamamento) NÃO É UMA ELUSÃO

A vocação existe; é algo de real; quem a escuta sente que não é voz humana, é de Deus, embora não a saiba explicar porque nós homens não temos familiaridade com a voz de Deus.

Não é uma ilusão.

É tão real como a dor que sentimos gravada no nosso corpo e que, no entanto, tão pouco sabemos definir.

É tão real como é real o amor e que também, no entanto, não sabemos traduzir.

É tão real como a simpatia, a graça dos homens, a graça de Deus. Tudo isto, só o sentimos, não sabemos traduzi-lo.

A Vocação, como a dor e o amor fica sempre no imponderável; não podemos medi-la, porém não podemos duvidar dela.

É que a vocação entra na dimensão do mistério, que é luz que a alma vai conhecendo sob a acção de Deus.

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10. A VOCAÇÃO É UM CHAMAMENTO REAL

A vocação para a Vida Consagrada é um chamamento pessoal, chamamento concreto. Diz o Senhor ao Profeta Isaías: “ Eu sou o Senhor que te chamei pelo teu nome. És meu!”(Is.45,3).

A vocação nasce do facto que nós pertencemos a Deus e que Deus, num certo momento da nossa vida quer esta pertença total, sem divisões, sem partilha; pertença e chamamento, porém, que é amor. (p. ex: um moço que escolhe uma rapariga por amor!); é revelação de amor, pois este Deus que, desde toda a eternidade, pensou com amor de escolha nesse rapaz, nessa rapariga, hoje revela-lhe este amor, chamando-o.

Podemos dizer que a vocação à uma vida de consagração ao Senhor é qualquer coisa mais de que dar um rumo à vida :

“É um chamamento de Deus que arrasta o homem (um jovem ou uma rapariga) a uma doação completa, a um ideal que ultrapassa o meramente humano.

É um acto sobrenatural com que Deus escolhe alguém para sempre, para o seu serviço”

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11. OS PRIMEIROS SINAIS DUMA VOCAÇÃO : MEDO E DESEJO

Geralmente o primeiro verdadeiro contacto com Deus é “perturbador”. Temos na Bíblia muitos exemplos:

A Anunciação do Anjo a Nossa Senhora: como pode acontecer isto?

Uma rapariga, quando se sente chamada, tem medo... Mas, à esta primeira reacção de medo, primeiro sinal de uma vocação, sucedem logo outros sentimentos : desejo, atracção!

Assim veremos, por ex., que se uma menina aos 10, 11 anos, ouvindo o primeiro apelo para consagrar-se ao Senhor (isto acontece muitas vezes: São João Bosco: 50 por cento das raparigas e rapazes são chamados) não sentiu em si nenhum conflito, aos 16-18 anos, a rapariga, por ex., fica espantada ao perceber atracções interiores tão divergentes.

De um lado: atracção para o casamento, pois, por natureza toda a rapariga aspira a ser amada, aspira a amar o homem com o qual realizará uma comunhão de corpo e de coração; aspira a dar à vida um filho, a ser mãe. Qualquer jovem que não sinta estas aspirações é inacabada, é psicologicamente deficiente.

De outro lado: Desejo de pertencer a Deus, sem partilha;

Sede de consagração, e Medo de se comprometer com um estado que exige sacrifícios e pobreza, obediência e castidade.

A Jovem então é tentada para dizer:

“Estas renúncias são talvez possíveis para mulheres excepcionais, mas não para mim, que sou tão egoísta, como dista, etc., etc.”

E, no entanto, o apelo de Cristo está lá bem no fundo da consciência.

A rapariga então, agitada entre aspirações diversas, procura o seu caminho.

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12. COMO SABER SE A VOZ QUE SE OUVE É A DE DEUS? NÃO SERÁ UMA ILUSÃO?

Ora, temos que dizer que a vocação á uma vida consagrada:

- não é fruto de generosidade, mas é, antes de mais, escolha pessoal de Deus!

- não é fruto de alguma desilusão na vida ( como muita gente pensa no mundo), mas de chamamento pessoal de Cristo. – Estamos num ambiente sobrenatural : “Não fostes vós que me escolhestes, fui eu que vos escolhi a vós! “

Portanto, a Vocação, antes de tudo, é querer divino!

Mas, nunca ouvistes estas expressões ?:

- Se não me casasse, nunca ficaria solteira no mundo, preferia ir para um convento...

- Fulana fez-se freira depois de desfeito o namoro; coitada, realmente ela ficou muito abalada”. – ou então:

- Sicrana acaba de se formar em Direito e vai para missionária...Oh! que lhe terá acontecido ? – Outros:

- Uma rapariga tão bonita! mal empregada...Que mania a levou a sacrificar tudo isto? Não lhe dou seis meses que não se arrependa. Como é que uma jovem tão perfeita, com o seu curso foi capaz de estragar assim a sua vida?”

Esta, infelizmente, é a mentalidade do nosso bom povo cristão acerca da vocação à vida consagrada.

Que deveríamos dizer do milhão de religiosas que há no mundo? Pobres desiludidas? Coitadinhas? Ainda bem que encontraram um piedoso convento que as recebeu?...

Não! A vocação Consagrada é fundamentalmente: Vontade Divina, querer divino!

Portanto: O único e verdadeiro motivo que pode servir de base a uma vocação consagrada é a vontade de amar a Deus e de O servir sem restrições.

Este verdadeiro amor a Deus conduzirá depois imediatamente ao amor do próximo.

E eis então:

- uma jovem deseja suavizar os desafortunados

- uma outra foge do mundo e consagra-se porque sente a caducidade das coisas da terra: “ De que serve ao homem ganhar o universo, se vier a perder a sua alma?”

- Outras amam apaixonadamente o mundo, mas sentem que não fora feitas para ele.

- Outras jovens, inclinadas para o ensino, sentem o desejo de se dedicarem à educação, ministrando uma formação cristã e religiosa.

- Outras ainda compadecem-se dos países subdesenvolvidos e querem tornar-se missionárias, etc. etc.

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13. TODA A VOCAÇÃO É SINGULAR

- Uma jovem, deixada pelo namorado, entrevê neste acontecimento a escolha de Deus.

- Outra, para quem a vida se anuncia brilhante, cheia de encanto e de afeição, compreende que tem que deixar todas estas esperanças humanas para procurar unicamente a Deus.

De princípio, a graça de vocação, por vezes muito frágil, por estar misturada a movimentos de orgulho, de egoísmo, etc. Mas, se as jovens corresponderem a esta graça da vocação, estes motivos humanos e secundários darão lugar ao essencial, que é a resposta ao amor de Deus e dos irmãos.

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14. A EXCELÊNCIA DA CONSAGRAÇÃO AO SENHOR.

Que bela ! Que maravilhosa uma vida inteira doada, oferecida ao Senhor para a glória de Deus e amor aos irmãos, para a extensão do Reino de Deus!

É uma rapariga generosa, que, tendo ouvido o apelo, o chamamento do Senhor, diz-Lhe com entusiasmo, embora talvez com lágrimas nos olhos ( pois toda a separação dos pais, dos amigos, da própria terra, da própria pátria, custa a todos e tanto...):Senhor, sou totalmente tua. Serve-te de mim para salvar a humanidade!

Mal-empregada uma vida gasta assim? – Oh, não; muito bem empregada!

Assim escrevia um pai a uma filha Consagrada que partia para as missões:

Querida Maria, ao teu irmão,(missionário e Padre) como a ti, deixei o meu conselho, isto é, de “procurar antes o Reino de Deus e a Sua Justiça e todas as outras coisas vos serão dadas por acréscimo.” Mas agora devo acrescentar um segundo: procura de ser digna do lugar que a Providência te entregou. O Senhor quis que tu fosses Missionária para o bem das almas. Sabes bem o que significa Missionária? Atenção então, porque quando o Senhor disse aos Seus Apóstolos : ide e Evangelizai todo o mundo e, onde vós estiverdes, lá estarei Eu, disse-lhes palavras duras, isto é : martirizaram-Me a Mim, martirizar-vos-ão a vós; mataram-Me a Mim , matarão também a vós. Para frente, não tenhas medo, pois o Senhor não te abandonará nunca. Se quiseres salvar a tua alma, procura antes de salvar alguma alma que te foi confiada.

Maria, sobre este carta, caíram algumas lágrimas enquanto escrevia, mas não lágrimas de desgosto mas antes de alegria porque o Senhor me deu a grande graça de ser pai de dois missionários e por isso, agradeço-Lhe infinitamente.

...Saudo-te e beijo-te pela última vez.

Esperemos que o Senhor conceda também a mim um pouco de Paraíso em troca de alguns poucos sacrifícios que fiz por vós.

Ciao. – Sempre coragem !

Teu amado pai

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15. PALAVRAS DE PAULO VI

“ Todos os jovens de coração generoso devem interrogar-se e procurar saber se o Senhor não está mesmo a falar-lhes ao coração”. Esta generosidade e este dom de si não conhecem fronteiras: para lá da pátria de cada um, abrem-se à evangelização campos infinitos, onde crescem as searas do Senhor.

Por conseguintes, a vós jovens, que tendes fé, queremos repetir as palavras da parábola: Porque estais ociosos? (Mt.20, 6). Hoje não há necessidade de palavras , mas de obras.. Não veleidades, mas generosidades concretas, pagas com o dom da própria pessoa. Não contestações estéreis, mas sacrifício pessoal. Só os jovens podem compreender esta necessidade.

Aos melhores, abre-se o campo do apostolado sacerdotal, missionário, caritativo e assitencial de que necessitam os irmãos.”

Continua o Papa:

“Ouvi a voz de Cristo que vos CHAMA PARA SERDES OPERÁRIOS SEUS; dai sentido à vida fazendo vossas as preocupações da Igreja em favor da promoção e progresso dos povos.” (Paulo VI – 12/03/1972)


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TRÊS MINUTOS DE REFLEXÃO

- O que penso da vocação consagrada?

- Como poderia uma rapariga dar a sua vida ou alguns anos de vida a Cristo e aos irmãos? Que forma concreta?

Para responder a este apelo do Papa Paulo VI? Alguém tem ideias para sugerir?

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16. ATITUDE DE MEDO DO HOMEM DIANTE DA VOCAÇÃO

O Prof. Jeremias , 1, 5: Foi-me dirigida a Palavra do Senhor: “Antes que fosse formado no ventre da tua mãe, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio materno eu te consagrei e te constitui profeta entre as nações.”

E eu respondi:

“Ah, Senhor Javé; eu não sei falar , porque sou ainda uma criança”(Jer.1, 4-6).

Mas o Senhor replicou:

“Não digas: sou ainda uma criança, porquanto irás aonde te enviar e dirás o que eu te mandar. Não os temas, porque eu estarei contigo para te livrar, oráculo do Senhor”.

E o Senhor, em seguida , estendeu a sua mão, tocou-me na boca e disse-me:

“Eis que ponho as minhas palavras nos teus lábios; eis que hoje te dou poder sobre as nações e sobre os reinos para arrancares e demolires, para arruinares e destruíres, para edificares e plantares ”(Jer.1,4-10).

Neste trecho é revelado a Jeremias qual é a sua verdadeira identidade.

Jer. Responde: Ai de mim, Senhor!

Eis, esta é a constante que sempre se faz presente diante do chamamento, diante da vocação de todos os profetas:

- Nossa Senhora: como pode ser isto...?;

- Os videntes: Bernardete, Pastorinhos de Fátima: medo, trepidação...

- O Prof. Jeremias: Não, Não! Eu sou uma criança ...; chama outro...!

Este medo e trepidação vêm da tomada de consciência de uma verdade que é esta: Compreendemos que somos chamados: é uma verdade! Mas, compreendemos também que esta vocação não vem de nós; vem de Deus!

O problema é o seguinte:

Todo o homem, perante a vocação, perante o chamamento, permanece criança, permanece jovem! Isto é: Permanece absolutamente desproporcionado para esta tarefa. De facto, a tarefa é a de comunicar aos homens, com as nossas, a Palavra de Deus. Por isso diante, deste convite, a nossa atitude espontânea não pode ser senão esta : Não, não pode ser! Sou criança, mesmo que tivesse 150 anos! Sou criança. Não posso: Como poderia Deus, que é infinito, imenso, inefável passar através das minhas palavras? Não é possível; a minha boca é demasiado jovem!

Portanto quando se fala de Vocação, não se trata de um facto social, cultural, mas de um facto constitucional.

Temos que experimentar o medo que sentimos perante a nossa vocação ; temos que conhecer a nossa desproporção. Doutra parte , é mesmo esta desproporção ( a missão é demasiado grande...!) que nos garante o cumprimento da nossa missão, porque esta é de facto a constante habitual de toda a história da Salvação: Deus é tal modo grande que só pode revelar-se no que é pequeno, porque só o que é pequeno pode revelar a grandeza de Deus , porque aí é evidente que Deus não se identifica com aquele que O serve.

Portanto a história da Salvação é esta: continuar na salvação, usando o que é pequenino, o que não tem valor: as mulheres estéreis .., David que é o mais pequeno dos irmãos ...etc. Toda a história da salvação é esta: é através das coisas pequenas que se podem revelar as coisas grandes de Deus.

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17. MENSAGEM DE JOÃO PAULO II - Aos jovens de Portugal 1991

Aos jovens – Ponta Delgada – S. Miguel –

Açores – 11 de Maio de 1991

...Quantos jovens buscam desesperadamente a felicidade, sem se darem conta de que o único que pode saciar deveras o coração humano, é Deus. “Fizeste-nos, Senhor, para Ti – exclama S. Agostinho – e o nosso coração viverá inquieto, enquanto não repousar em Ti”. (Confissões, I, 1)! Esta é a grande verdade que dá sentido à vida. Porque saímos das mãos de Deus, só em Deus encontrará descanso e felicidade a nossa alma.

Queridos jovens, no caminho da vossa vida, não abandoneis a companhia do Senhor! O meu maior desejo para cada um de vós é que os caminhos da vossa juventude se cruzem com Cristo, «o verdadeiro herói, humilde e sábio, o profeta da verdade e do amor, o companheiro e o amigo dos jovens (Mensagem do Conc. Vatic. II, aos jovens), o único que vos pode fazer felizes.

...Jesus de Nazaré, e só Ele, poderá preencher essa fome de infinito que se abriga dentro dos vossos corações.

...Através do vosso diálogo com Jesus, «que conhece o que há no homem » (Jo.4,25), podereis compreender serena e profundamente o vosso projecto concreto de vida: «que devo fazer para que a minha vida alcance todo o seu valor e pleno sentido?»

Eis uma questão fundamental, que pouco a pouco se vai impondo a cada um de vós, precisamente no período da juventude.

...Não vos esquiveis à pergunta..., porque nela vos descobrireis senhores e construtores do vosso destino.

...”Que devo fazer? Qual é o Vosso plano em relação à minha vida, o vosso plano de Criador e de Pai? Qual é a Vossa Vontade? Eu desejo realizá-la”.

...O amor é a vocação única do homem.

...Jovens, não tenhais medo de ser santos! Voai alto, sede daqueles que apontam para metas dignas de Filhos de Deus.

Com o coração enamorado e fascinado pelo Senhor, alguns de vós sentem que Jesus os convida a segui-Lo mais de perto, e lhes pede tudo. Não tenhais medo e dai-Lhe, se vo-lo pedir, o vosso coração e a vida inteira.

A Igreja e o mundo de hoje têm uma enorme necessidade do testemunho de vidas dadas sem reserva a Deus, do testemunho de um amor esponsal ao próprio Cristo. São as vocações de especial consagração ao sacerdócio, à vida evangélica na sua radicalidade de castidade, pobreza e obediência, e de consagração à vida missionária.

... Desejaria dizer-vos a todos e a cada um de vós, jovens: Se um tal chamamento chegar ao teu coração, não o sufoques ; escuta o Mestre que diz: «Segue-Me!» Encontrarás à tua frente uma vida fascinante e rica de frutos, precisamente a «melhor parte que ninguém vos roubará»!

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18. VOCAÇÃO: ESCOLHA CORAJOSA

A Vocação Consagrada pode comparar-se à escalada de uma montanha: Requer coragem e esforço. É indispensável gostar de aventura e ser afoito, para enfrentar a montanha . Não se pode avançar de pantufas nos pés.

A vocação, muitas vezes, exige a coragem de quem não se deixa vencer seja por que dificuldade for, mas é capaz de avançar não por caminhos impossíveis, mas por caminhos difíceis. O caminho é o Senhor quem o traça. Mas tu és quem o deve percorrer a todo o custo.

Não quer dizer que o caminho da vocação – que é verdadeira ascensão e conquista - é sempre difícil e custoso. Nada disso! Quem tem experiência da montanha sabe que a conquista de cada cume compensa largamente todo o esforço.

Tudo depende daquilo que tens dentro de ti. Se foste conquistada por Cristo, não podes hesitar, não consegues parar. Sentirás que vale a pena, que tudo aquilo que te é pedido é largamente compensado pela garantia de chegar a “agarrar Jesus Cristo”, uma vez que foste antes “agarrada por Ele”.

Toda a jovem verdadeiramente jovem aprecia esta linguagem e aceita corajosamente o desafio : “escalar a existência”, para além de toda a mediocridade e sensaboria de uma vida vulgar e monótona, para chegar a “agarrar” o que mais importa: Jesus Cristo!

Mas, seguindo a Jesus, que procuras tu? Há uma única razão para seguir a Cristo: Ele mesmo. Não é possível fazer outro cálculo, ter outra pretensão.

É assim. No projecto da vocação consagrada não pode haver outras interferências, não há lugar para outras aspirações. O fim do chamamento é muito simples, contém e abrange todos os outros fins possíveis . Que será de ti, amanhã? A pergunta não te interessa. Serás de Jesus e Ele será o teu futuro, a tua segurança.

Também o entusiasmo pode ajudar, mas não chega. Pode servir como “começo da conversa”. Mas não chega para um SIM generoso e definitivo. Para este, requer-se a vontade. A vontade “daquela que é capaz de dar-se, que não se põe a avaliar as vantagens, que é incapaz de meias medidas, pronta mais ao serviço do que ao descanso, que não ambiciona fazer carreira ou alcançar prestígio”.

Por isso mesmo se fala de “escolha corajosa”.

Precisamos de tornar-nos pessoas cuja segurança seja apenas esta: Jesus.

Raparigas capazes de desprendimento, em relação às coisas e a si próprias.

Raparigas “pobres” segundo o Evangelho.

Raparigas de uma fé inquebrantável numa Providência que nada deixa faltar a quem confia.

Requer coragem, portanto. Mas, para ter coragem, é necessário ter ideias claras, como as tiveram todas aquelas com quem Deus pôde contar e, por isso, fizeram maravilhas.

As corajosas, com quem Deus pode contar, só elas são capazes de se aperceber do chamamento e de o acolher!

(De “ Em frente” – N. 57)

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19. VOCAÇÃO CONSAGRADA: ESCOLHA MISTERIOSA !

Deus escolhe aqueles que quer fazer Seus, não por simpatia, nem também por mérito, nem sequer em atenção às especiais habilidades da pessoa escolhida. Os critérios de Deus estão absolutamente acima dos pensamentos do homem.

A escolha para a Vida Consagrada é realmente um mistério: projecto de Deus que o homem pode recusar, mas que não sabe e nem pode justificar nem perante si mesmo nem perante os demais.

Porque me escolheu a mim e não a outra? – A pergunta não tem resposta. Á escolhida resta-lhe apenas um acto de profunda humildade e gratidão. É realmente um mistério!

Escuta esta história:

“ Um dia, um simples telefonema mudou o curso da vida de uma jovem. Era a amiga Guida que a convidava para um retiro.

A princípio recusou. Mas, acabou por aceitar, ainda que contrariada. Na altura, já namorava. Agora é ela que conta:

“Tanto a minha família como a dele viam com agrado a futura união. Eram porém, outros os planos de Deus sobre mim”. E acrescenta: “Naquele momento da vida, enquanto experimentava o amor humano, longe de me bastar, só me dava insatisfação; “apareceu” JESUS CRISTO que se dignou chamar-me para viver só para Ele e para sempre”.

No retiro, sentiu-se tocada por esse Cristo fascinante e irresistível que a transformou . Agora é ela que conta:

O conferente começou uma meditação, apresentando-nos o problema da escolha

da vocação. Falava-nos com tanta solenidade, que nos fazia pensar como o problema era sério: “Sejam generosas em aceitar a vontade de Deus. Lembrem-se que a grande tarefa da vida é a da salvação da alma. Peçam luz para descobrirem o caminho pelo qual o Senhor as quer conduzir até Ele.”

Depois destas palavras, que me fulminaram como um raio, recomendou-nos que escrevêssemos num papel os prós e os contra que descobríssemos tanto na vocação consagrada, como na vocação para o matrimónio. E saiu...

Naquela tarde de Abril, o silêncio na capela era total. Não sei o que se passava no interior das outras . Na minha alma dominava uma ideia: “Tenho que dar uma resposta a Jesus Cristo”.

Precisava de estar só, sem testemunhas, longe de qualquer olhar humano. Meti-me no quarto, peguei numa folha de papel, tracei uma linha divisória e, num lado, escrevi: «Vocação para o matrimónio», e, no outro,«Vocação Consagrada».

Debaixo de cada um destes títulos e fazendo uma nova divisão, escrevi: “Prós” e “Contra”. Ajoelhei-me e pedi a Nosso Senhor com todo o coração a graça de ver claramente, em qual das vocações me queria e fui anotando o que ia descobrindo.

Ao fim desta análise rigorosa a favor e contra os dois “estados de vida”, de cujo resultado dependia o futuro da minha vida, tremendo ligeiramente, fui-os comparando e só sei dizer que vi claramente, com absoluta certeza e sem me assustar, com paz e serenidade, que Deus me queria na Vida Consagrada.

O meu coração abriu-se para receber a inspiração divina, a razão conheceu o “querer de Deus” e a vontade abraçou-se com ele plena, livre e conscientemente. Depois, uma paz e alegria invadiram todo o meu ser. Era feliz !!!”.

( De “ Em frente”)

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20 . SÃO FRANCISCO BORJA

“Não servirei senhores da terra”

Enquanto se encontrava numa buliçosa festa na cidade de Toledo, faleceu, repentinamente, a imperatriz D. Isabel, esposa do poderoso imperador de Espanha Carlos V. Era ainda nova e passava por ser uma das mulheres mais bonita do mundo.

Depois das exéquias, partiu o cortejo fúnebre para Granada, onde D. Isabel devia ser sepultada. Durante duas semanas, foi atravessando as cidades e vilas de Espanha. Por toda a parte o povo caia de joelhos para dizer o último adeus à sua amada soberana. Chegou por fim ao termo a triste procissão.

O sinos das torres tocavam doloridamente e nas igrejas as orações dos fiéis subiam ao céu quando a urna desceu à cripta do Panteão Real. Pela última vez abriu o caixão. Devia provar-se oficialmente que aquele cadáver era da imperatriz.

Um após outro, os fidalgos e os grandes de Espanha, que tinham vindo no cortejo, desfilaram diante do caixão aberto e disseram:

“Juro que realmente é este o cadáver da imperatriz.”

Chegou a vez de Dom Francisco de Borja, duque de Gandia, Marquês de Lombay, vice-rei da Catalunha, o homem da confiança do imperador. Profunda amargura manifesta o rosto do fidalgo, que todos sabiam ter gozado, como nenhum outro, as atenções da defunta imperatriz. Avançou decidido. Queria contemplar, pela última vez, aquele rosto tão belo, aquela cabeça cingida com a coroa, aqueles lábios que tanta vezes lhe tinham sorrido.

Chegado diante do caixão aberto, inclinou-se para contemplar a saudosa defunta. Mas logo empalideceu e, soltando um grito, recuou e teria caído se não encontrasse apoio. Os seus olhos esbugalhados continuavam fixos no interior da urna.

Seria possível? Aquela cara horrível, desfigurada, corrompida, exalando cheiro pestilencial, poderia ser o rosto tão belo da imperatriz? O fidalgo gemia em voz alta e arrepelava os cabelos com desespero. De repente fechou os olhos e afastou-se cheio de horror.

“ Reconheceis a imperatriz Isabel”? perguntou uma voz.

Dom Francisco não pode responder e só ao cabo de alguns minutos conseguiu falar.

“ Não posso reconhecê-la. Nada resta das suas feições. A morte desfê-las.”

Retirou-se desconsolado e pensativo. Uma voz parecia segredar-lhe dentro da alma: Francisco, cansas-te atrás dos favores dos príncipes, atrás da riqueza e da glória! Que fazes por Deus e pela tua alma?

O fidalgo diz com firmeza:

“ Nunca mais servirei a Senhores desta maneira!

Confessou-se a São João de Ávila. Logo que lhe foi possível, deixou as riquezas, palácio e oito filhos e fez-se sacerdote na Companhia de Jesus. Hoje é São Francisco Borja.

Como ele, pensemos também nós que as coisas da terra acabam depressa.

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21. DEUS PREPARA OS SEUS ENVIADOS

Deus preparou sempre, com especial cuidado, aqueles a quem pretende confiar alguma missão mais importante.

Assim procedeu com Noé, com Abraão e com Moisés.

Ainda hoje continua a preparar cuidadosamente aqueles a quem deseja confiar a missão especialíssima de libertar as almas da escravidão do pecado e do demónio.

Deus faz seus colaboradores mais directos aqueles que pretende enviar a pregar aos homens a verdade, a justiça e o amor, para os libertar do pecado e para os ajudar a viver como Seus filhos.

Que sublime missão a dos que se dedicam a pregar a paz e o bem! (Cf.Rom. 10,15).

Aqueles que compreendem a honra de colaborar, assim, com Deus, e a necessidade urgente de ajudar os seus irmãos a libertarem-se da escravidão do vício e do pecado, preparam-se seriamente, durante vários anos, para a missão que Deus poderá vir a confiar-lhes, quer como sacerdotes e religioso, que como leigos.

De entre os que estão preparados, Deus escolhe aqueles ou aquelas que Lhe aprouver, comunicando-lhes o Seu chamamento externo e oficial por intermédio do respectivo Bispo ou Superior.

É certamente esta a missão mais nobre e mais sublime a que um rapaz ou rapariga pode aspirar.

É possível que Deus tenha pensado em fazer de algum de nós Seu colaborador mais directo na obra da salvação das almas.

Se dermos atenção à voz do Senhor, talvez Ele nos faça ouvir, no mais íntimo da nossa alma, este divino convite:

“Filho, Eu escolhi-te desde toda a eternidade, e tenho necessidade de ti.

Tenho necessidade das tuas mãos, para continuar a abençoar.

Tenho necessidade dos teus lábios, para continuar a falar.

Tenho necessidade do teu corpo, para continuar a sofrer.

Tenho necessidade do teu coração, para continuar a amar.

Tenho necessidade de ti para continuar a salvar.

Filho, vem comigo! Eu quero fazer de ti

Um dos meus apóstolos!” (De «A nossa História divina – A. Amaral).

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22. APREÇO DO PAPA PAULO VI PELA VIDA RELIGIOSA

Extractos de uma exortação do Papa às Religiosas, por ocasião da Festa da Natividade de Nossa Senhora-- 1975.

“Dilectas Filhas em Cristo:

É para nós motivo de grande consolação espiritual celebrar a Festa da Natividade de Maria Santíssima com todas vós, boas e queridas Religiosas.

...Vós celebrais connosco esta festa suave e íntima..Parece-nos, queridas Religiosas que vós sois, esta manhã o ramalhete com que Nos apresentamos à Maria para exprimir as nossas felicitações , digamos melhor, as nossas homenagens, no dia do Seu nascimento. Vêm-nos aos lábios palavras quase infantis: Vê, Ó Maria, que te oferecemos estas flores; são as mais belas flores da Santa Igreja; são as almas de um amor único, do amor ao Teu Filho Jesus, são as almas que acreditaram verdadeiramente nas Suas palavras, que tudo deixaram para O seguir a Ele somente; ouvem-nO, imitam-nO, servem-nO contigo, sim, até à cruz; e não se queixam, não têm medo, não choram, pelo contrário, sempre alegres, são boas, Maria, são santas estas Filhas da Igreja de Cristo!

...Porque estais tão contentes por assistir à Santa Missa do Papa e venerar com Ele a Maria Santíssima? E porque é que o Papa está contente por estar convosco? Porque vós sois dignas da Igreja; pertenceis, e com vínculos de particular adesão, ao Corpo Místico de Cristo, na comunidade eclesial, tendes um lugar particular.

...Pedir-lhe-emos que vos faça fortes: hoje em dia, a Vida Religiosa exige fortaleza; ...hoje é oficina de almas fortes, constantes e heróicas.

Pedir-lhe-emos, por fim, que vos faça alegres e felizes . A Vida Religiosa, por pobre e austera que seja, nao pode ser autêntica senão na alegria interior. É esta que nós vos desejamos como lembrança deste encontro”.

SEDE FELIZES

“Felizes porque escolhestes a melhor parte.

Felizes porque, conforme diz S. Paulo, quem ou que coisa vos poderá separar da caridade de Cristo?

Felizes, porque destinastes a vossa vida ao único e mais elevado amor.

Felizes, porque sois as filhas predilectas da Igreja e participais das suas alegrias, dores, fadigas e esperanças.

Felizes, porque nada do que fazeis: orações e sofrimentos é perdido; nada é desconhecido d’Aquele Pai que vê no íntimo e que nada deixará sem recompensa.

Felizes, porque, como Nossa Senhora, ouvistes a palavra de Deus, confiastes nela e a seguistes.

Estais no meu coração; e, porque estais no coração do Papa, estais no coração da Igreja, filhas fidelíssimas da Igreja.

Vós pertenceis e com vínculos de particular adesão, ao Corpo Místico de Cristo e tendes um lugar especial na comunidade eclesiástica: vós sois a alegria da Igreja; vós sois a sua honra, a sua beleza, a sua consolação, o seu exemplo. E pensamos em acrescentar também : vós sois a sua força!

A escolha que fizestes é a melhor; é a mais difícil e a mais fácil ao mesmo tempo; é a mais semelhante à de Maria Santíssima, porque, como a dela, é toda orientada por um simples e total abandono à Vontade Divina: “Fiat mihi secundum Verbum tuum”!

Aderindo ao apelo de Nosso Senhor, vós deixastes generosamente as vossas casas e as vossas famílias, para O seguir, para O servir nas escolas, nas crianças, nos doentes, nos velhinhos, nos enfermos, para dedicar a Ele e à sua Igreja vidas de oração.

A Igreja precisa da vossa santidade, mais ainda do que da vossa actividade”.

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23. PALAVRAS DO PAPA PAULO VI

Mensagem do S. Padre para o XII Dia Mundial de Orações pelas Vocações

20/04/1975

É IMENSA A NECESSIDADE DE SACERDOTES, DE RELIGIOSOS

E DE ALMAS CONSAGRADAS

Queridos Filhos e Filhas de toda a Igreja:

“A messe é abundante, mas os trabalhadores são poucos” (Lc. 10. 2; Mt.9,37).

Quem de entre vós não se apercebe da flagrante actualidade destas palavras do Senhor Jesus?

É um facto que vós todos bem conheceis: é imensa a necessidade de Sacerdotes, de Religiosos e de almas Consagradas. Se nalgumas partes já se começa a notar uma melhoria cheia de esperança, em muitas regiões, tem vindo a dar-se um decréscimo inquietante das vocações, que ameaça fazer-se sentir seriamente no futuro.

...(Jesus) disse aos Seus Apóstolos: “Vinde após Mim, Eu vos farei pescadores de almas! (Mt.1,17).

...ESTE CHAMAMENTO DO SENHOR É UMA GRAÇA INESTIMÁVEL!

...Entretanto, quando O Senhor chama a alguém, de uma maneira particular, mediante uma iluminação interior e pela voz da Igreja para O servir como sacerdote, como Religioso ou como membro de um Instituto Secular, Ele suscita nessa alma e exige dela também uma preferência absoluta pela Sua Pessoa e pela obra do Seu Evangelho: “SEGUE-ME”.

UMA TAL PREFERÊNCIA É FASCINADORA; ela é algo de susceptível, de fazer transbordar o coração humano. Pressupõe, porém, uma atitude de fé bem firme. E está aqui, queridos Filhos o nó do problema das vocações.

A vontade corajosa para um compromisso total e definitivo para o seguimento de Cristo apresenta-se mais difícil ainda no nosso tempo, dado que a serenidade dos próprios crentes se acha consideravelmente transformada e é preciso ter uma confiança total para se abandonar ao chamamento de Cristo.

Depois, esta mesma preferência pressupõe também UMA VONTADE DE RUPTURA: ruptura, obviamente, com o pecado – mentira, impureza, egoísmo, ódio; e mais: ruptura também com certos valores humanos, que pertencem à ordem dos meios – as satisfações do amor humano, a riqueza, o êxito na carreira profissional, o prazer, o triunfo pessoal, o poder.

Em contrapartida, para uma alma profunda, recta e generosa, os valores do Reino podem fazer-lhe encontrar: a alegria pura e simples, a sede de Deus encontrado na oração, o sentido do serviço dos outros e da solicitude pelas suas necessidades espirituais.

...Nós a dirigimos (esta mensagem) a vós Religiosos e Religiosas, para que a liberdade e a gratuidade da vossa consagração exclusiva a Cristo, conjuntamente com a dedicação aberta a todos que ela permite, venham a transmitir amplamente o gosto pelo Reino de Deus, tornando o Evangelho actual, crível e atraente...”

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24. VIDA RELIGIOSA

Belíssimo Resumo do que é e deve ser a V.R.

João Paulo IIº às Religiosas de Turim: 13/04/1980

«Esta consagração total e definitiva a Deus:

- FLORECE no amor a Cristo e à Sua Esposa, a Igreja, numa participação intensa na Sua vida e numa adesão filial ao Seu ensinamento;

- FRUTIFICA na caridade generosa para com os irmãos, em particular para com os que têm necessidade do nosso afecto e da nossa compreensão;

- FORTIFICA-SE na oração litúrgica, comunitária e pessoal, como diálogo amoroso com o Pai celeste ;

- EXPRIME-SE no compromisso, segundo as forças e o género da própria vocação, em fundar e radicar nos espíritos o Reino de Deus, e o dilatar em todas as partes da terra;

- ESTIMULA a viver integralmente as exigências evangélicas do “Sermão da Montanha e das «Bem-aventuranças»...

Por isso, com o Bispo S. Cipriano, vos digo: “ Guardai, ó virgens, guardai aquilo que sóis. Guardai o que sereis. Espera-vos uma coroa magnífica. Já começastes a ser o que nós seremos. Tendes já neste mundo a glória da Ressurreição”! ( De habitu Virginum) ».

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25. “CONVITE” DE SANTA TERESINHA

“Diverti-me mesmo a compor uma carta convite...Eis como a concebi:

Carta-Convite para as núpcias da Irmã Teresa do Menino Jesus e da Santa Face.

O Deus Todo-Poderoso, criador do Céu e da Terra, Soberano Dominador do mundo, e a gloriosíssima Virgem Maria, Rainha da Corte Celeste, tem o gosto de vos anunciar o casamento do seu augusto Filho Jesus, Rei dos reis e Senhor dos Senhores, com a Menina Teresa Martin, agora Dama e Princesa dos reinos trazidos em dote pelo seu Divino Esposo, a saber: a Infância de Jesus e a sua Paixão, sendo seus títulos de nobreza: do Menino Jesus e da Santa Face.

O Senhor Luís Martin, Proprietário e Dono dos Senhorios do Sofrimento e da Humilhação, e a Senhora Martin, Princesa e Dama de honor da corte celeste, têm o gosto de vos anunciar o casamento da sua filha Teresa, com Jesus, o Verbo de Deus, segunda Pessoa da Adorável Trindade que, pela actuação do Espírito Santo Se fez Homem e Filho de Maria, a Rainha dos Céus.”

( Dos : Manuscritos - A – Santa.Teresinha).

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26. A professora faz-se missionária


Uma colega de 21 anos

Pobre infeliz!. Decerto teve qualquer desilusão, ou não encontrou o príncipe azul com que ela sonhava.. Diga-se que e tão bonita e simpática, tão boa e estimada. Coitadinha, tenho pena dela!

O inspector de 50 anos

Tenho pena porque era uma professora modelo ainda que muito nova.

São muito poucas hoje aquelas que cumprem o seu dever!...

Uma solteirona

Tão jovem, tão bonita, tão instruída... Que loucura... E pensar que no mundo hoje há tanto que fazer... Mas porque lhe passou esta ideia pela cabeça?. Renunciar a liberdade, as comodidades, a tudo... ( entretanto retoma as suas “ocupações”: da de comer e acaricia os seus gatos , penteia-os e muda-lhes a fitinha). E há tanto que fazer no mundo!...
O homem do talho
Estou cansado de tagarela com historias religiosas: coisas de mulheres e de decrépitos. Da professora todos falam, ate os homens. Vai para as Missões!... E diga-se que não e nada feia, nem estúpida... Se fosse minha filha estaria fresca!

Uma aluna de 10 anos

A minha professora faz-se missionaria. Como tenho pena que ela se vá embora...mas estou contente com a sua decisão. Talvez também eu quando for grande faça como ela, porque deve ser uma coisa boa se a escolhem pessoas assim tão boas e tão inteligentes.
Um jovem doutor

Encontrei Maria, talvez nutrisse esperanças por ela, mas cada um segue a sua própria vocação. Mesmo assim estou contente por tê-la encontrado na minha vida: era tão simples, tão radiante... Ao lado dela sentia-se melhor ou, para ser mais exacto, a necessidade de ser melhor, esforçava-me cada vez mais, esperando atingir a sua bondade... conquista-la. Mas não, eu não era digno dela: Deus tinha-a escolhido. Partiu e estou contente, rezara por mim, e, quem sabe, talvez complete, da sua parte, a educação dos seus filhos.

A avó

Rezei tanto por aquela neta, não queria mesmo chegar a uma predilecção assim tão grande... Sou indigna mas estou feliz. O senhor a abençoe!... E esta a consolação maior que Deus me podia dar ainda na terra.

Uma sua professora

Era uma jovem seria, inteligente, brilhante... podia ter tido sucesso na vida... com a sua decisão, sem duvida, encaminhou-se para um ideal maior ainda que não reconhecido.

O mundo de hoje precisa destes exemplos.

A costureira

Nunca pensei que acabasse assim: era tão precisa, elegante, e também exigente. Talvez, porem, podia pensa-lo... sempre tão contente, tão seria, tão modesta. Bem, cada um tem a sua estrada... melhor...se pudéssemos trocar as nossas “faces”...

Tanto para se fazer missionaria não e preciso ser-se bonita, para casar-se em vez...

O pai

Há anos que luto contra a tenacidade da minha filha. Ameacei-a e desci a factos..., humilhei-a e fi-la esperar cinco anos... Fiz tudo para dissuadi-la, ela não fez perceber nada a ninguém: sempre serena, tenaz, decidida... E maior, tenho que ceder... não estou contente, mas interiormente orgulhoso: a minha filha e mais forte do que eu.
A sua mãe

(Depois da primeiras e talvez bastante prolongadas queixas) : “Meu Deus, dou-ta. Ajuda-me a fazer com ela, ate ao fim, a minha oferta”.

(Pela «Cáritas»)




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